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29.4.09

Flor solitária


A tarde está caindo neste momento,
as cores de todas as coisas estão mais vivas do que no começo do dia.
O céu azul se mistura com a torre cinzenta de nuvens concentadas em algumas partes lá no alto.
O vento, não querendo estragar o momento,
passa pelo meu rosto como se fosse um beijo delicado,
como se pegasse com as duas mãos em meu rosto e me acariciasse.
Vai e vem como o mar
lavando meus sentimentos tristes que se encontram na flor da minha pele.
E minha pele desabrocha todas as vezes que o vento passa por mim.
Quando o sol se expõe saindo de trás de alguma nuvem,
se mostra em forma de desenhos e relfete em mim através das árvores.
Não esquenta mais, por ser quase noite,
mas atenua a cor da minha alegria de participar de tal cenário.
Eu, sentada na calçada, encostada no muro,
ouço minha música, deixando minha alma absorver a serenidade
e cada gota da pureza daquele momento.
Exalando o amor e a indecisão de quem vive.
Me sinto uma flor em meio à tarde solitária,
onde o desejo de ter meu amor ao lado
me faz aproveitar a companhia do amor que eu não sei onde está.
Só sei que esse amor se encontra perto de mim,
fazendo parte deste cenário de fim de tarde azul.

27.4.09

Barco Sem Vela - O Amor perdido no Mar.



Era um jogo no Mar, onde a solidão e as ondas brigavam para ver quem era maior.
Esperava até a hora de voltar,
como quem quisesse aprender que tudo tem sua hora, não só na teoria.
Ele tinha que praticar a paciência, tinha que fugir daquilo.
A maior dificuldade nisso tudo era que sabia de sua fraqueza,
de seu minúsculo tamanho comparado a suas vontades,
ao de sua vontade naquela hora.
Ou de sua fragilidade em relação a qualquer evento que ocorresse ali no Mar,
que - Meu Deus do Céu! - era imenso.
Pensou que gostaria de estar ao lado dela agora,
ela que, para ele, era uma sereia.

- ENTÃO DEVE TER SIDO POR ISSO QUEU VIM PRO MAR,
PRA MIM SENTÍ UM BUCADINHO MAIS PERTO DELA MEU DEUS.
PRA NUM SOFRÊ TANTO DESSA DÔ,
QUE AQUELA MULHÉ PLANTÔ NO MEU CORAÇÃO.
FICANO LONGE E PERTO AO MERMO TEMPO,
SEM TÊ NINGUEIM PRA CENSURÁ NOIS DOIS,
EU E A SEREIA.
PRO MAR LEVÁ IMBORA ESSA MINHA DÔ
PRO MAR TIRÁ ELA DE MIM E FICÁ COM ELA SÓ PRA ELE.

Um pescador perdido por falta de rumo e por uma mulher também.
Ele se achava assim toda vez que a via. Sentia mal por isso.

- PORQUE O AMOR TIRA AGENTE DO RUMO,
DO PRUMO E LEVA AGENTE PRO PARAÍSO.
ESSE AMOR QUE EU SINTO, NÃO.
ELE ME TIRA DE QUALQUER CAMINHO E EU FICO SEM SABÊ VOLTÁ.

Não aguentava mais a solidão que crescia ali,
mas também não podia voltar. Pois, se voltasse, se precipitaria
e não conseguiria mais domar a mais forte de suas vontades.
Então ele entendeu como deveria agir.
Porque uma mulher era o que lhe impulsionava a agir assim
e uma mulher seria, de toda forma, a causa de seu fim.
O Mar em que se refugiou o engoliria a qualquer momento.
Se escondeu pensando que teria na solidão a cura para a falta de sentidos
que um amor proibido lhe causou.
Um amor feito de desejo, do desejo. Esse tal que enlouquece.
O mal, que ele até então não conseguia derrotar,
vai morrer porque o Mar lhe dará pelo menos uma chance, uma vitória.
Ali onde estão o fim de suas dores e desejos, estará também o fim de sua vida.

9.4.09

A música, o amor.


Começa assim...
Eu me sinto solta
então os pedacinhos vão se juntando bem devagar
como se a cola viesse com a voz de um cantor melancólico.
Daí en diante eu vou começando a me levantar
eu consigo ouvir alguma coisa,
consigo ouvir a voz, consigo ouvir o som.
Eu levanto.
Num giro, vejo minha cabeça se erguer
num salto vejo minhas pernas voarem.
Sou agora parte de uma música.
O cantor bate palmas
e eu bato também.
Um pequeno grave melancólico sai novamente de sua voz
e uma lágrima sai dos meus olhos.
Sinto a alma do cantor na música
sinto minha alma voar para perto da dele.
Começo a dançar
a rodar.
A felicidade toma conta de meu corpo
a música me faz encher a alma de uma valsa incontrolável.
Então eu valso.
Valso, e valso, e sinto os sussuros do cantor no meu ouvido a ressonar as últimas palavras da letra.
Arrepio.
Ele diz que vai e eu tenho que ir junto.
Ele estica os dedos e eu pego em sua mão,
vamos agora meu amor, deixa a vida continuar.
Vamos agora andar na beira do mar,
até a vida de nós se cansar.