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27.4.09

Barco Sem Vela - O Amor perdido no Mar.



Era um jogo no Mar, onde a solidão e as ondas brigavam para ver quem era maior.
Esperava até a hora de voltar,
como quem quisesse aprender que tudo tem sua hora, não só na teoria.
Ele tinha que praticar a paciência, tinha que fugir daquilo.
A maior dificuldade nisso tudo era que sabia de sua fraqueza,
de seu minúsculo tamanho comparado a suas vontades,
ao de sua vontade naquela hora.
Ou de sua fragilidade em relação a qualquer evento que ocorresse ali no Mar,
que - Meu Deus do Céu! - era imenso.
Pensou que gostaria de estar ao lado dela agora,
ela que, para ele, era uma sereia.

- ENTÃO DEVE TER SIDO POR ISSO QUEU VIM PRO MAR,
PRA MIM SENTÍ UM BUCADINHO MAIS PERTO DELA MEU DEUS.
PRA NUM SOFRÊ TANTO DESSA DÔ,
QUE AQUELA MULHÉ PLANTÔ NO MEU CORAÇÃO.
FICANO LONGE E PERTO AO MERMO TEMPO,
SEM TÊ NINGUEIM PRA CENSURÁ NOIS DOIS,
EU E A SEREIA.
PRO MAR LEVÁ IMBORA ESSA MINHA DÔ
PRO MAR TIRÁ ELA DE MIM E FICÁ COM ELA SÓ PRA ELE.

Um pescador perdido por falta de rumo e por uma mulher também.
Ele se achava assim toda vez que a via. Sentia mal por isso.

- PORQUE O AMOR TIRA AGENTE DO RUMO,
DO PRUMO E LEVA AGENTE PRO PARAÍSO.
ESSE AMOR QUE EU SINTO, NÃO.
ELE ME TIRA DE QUALQUER CAMINHO E EU FICO SEM SABÊ VOLTÁ.

Não aguentava mais a solidão que crescia ali,
mas também não podia voltar. Pois, se voltasse, se precipitaria
e não conseguiria mais domar a mais forte de suas vontades.
Então ele entendeu como deveria agir.
Porque uma mulher era o que lhe impulsionava a agir assim
e uma mulher seria, de toda forma, a causa de seu fim.
O Mar em que se refugiou o engoliria a qualquer momento.
Se escondeu pensando que teria na solidão a cura para a falta de sentidos
que um amor proibido lhe causou.
Um amor feito de desejo, do desejo. Esse tal que enlouquece.
O mal, que ele até então não conseguia derrotar,
vai morrer porque o Mar lhe dará pelo menos uma chance, uma vitória.
Ali onde estão o fim de suas dores e desejos, estará também o fim de sua vida.

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