Não havia mais ninguém, estava sozinha, não que me sentisse bem nessa situação, mas quando agente é adulto, agente tem que ser adulto.
Isso me consolava bastante, apesar do meu medo de escuro, havia muito trabalho a fazer.
De repente, senti uma presença diferente, sobrenatural. Apesar de morrer de medo de tudo isso, naquele momento, nenhum tipo de medo chegava perto de mim. E tenha certeza, medos são minhas companhias, e as vezes até pegam na minha mão, eu corro e e choro, até suar.

Pelo andar da história já se viu que era uma menina. Loira, magrela, aparentando seus 10 anos, que se escondia nas quinas das paredes pra não ser vista, ou para chamar pra brincadeira. Não sei ao certo. Só sei que escolhi pular da cadeira, agora alta pra mim, e sair correndo como nunca mais tinha feito.
Entre as colunas de um salão, brincamos de esconder. Num canto da parede, tinha uma mesa com louças minúsculas que chamavam para um chá.
Era tão lindo, tão diferente.
Eu não pronunciei uma palavra, mas ouvia e via pessoas estranhas chegando o tempo todo.
De repente veio a música, e com ela a alegria, o cheiro do suor e os passos das pessoas dançando.
Um estrondo soou, a música parou e uma voz chamou meu nome. Parecia uma bruxa, que depois de milênios de maldade e gritos horrorosos, esqueceu como era a voz humana e tomou como um arranhão o som de sua voz.
Meus ouvidos doíam, e então levantei da cadeira.

Um laço de fita se soltou para que eu percebesse. O chá foi real.
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