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10.2.09

A Colombina e seus carnavais

Todos os carnavais ela se pinta, e vai dançar na rua a folia de ser mais uma no meio de uma multidão louca, sedenta de alegria, dança e música.

Ela se pinta pra esconder que em seu rosto há uma expressão de desagrado e tristeza causada pela dor de cotovelo que a acompanha em todos os carnavais.

Acompanhada da dor, ela sobe no ônibus e vai, com seus tênis All Star falsiê, até o lugar onde estão alguns amigos, amigos de amigos e amigos dos amigos dos amigos. Todos que, até o fim da noite, se tornarão seus amigos.

É sempre assim: Maquiagem, dor de cotovelo, All Star... Todos os anos.

Mas falta citar que também há sempre um cara que ela escolhe, cada carnaval, no meio da festa, não para afastar a sua dor de cotovelo. Não... Esta não precisa de remédio, já foi afastada pela maquiagem.

Ela escolhe um homem, pra chamar de seu, alguém para acompanhá-la num frevo, para fazê-la se sentir a rainha da bateria quando houver um samba ou até para agarrá-la quando um forró deslocado aparecer na mala de uma carro para encrementar a brasilidade do carnaval.

Esse homem não precisa ser ninguém demais, não precisa ser ninguém igual ao Pierrô, basta só ser alguém.

Alguém que a beije até o fim da noite.

E que traga aquela coisa de felicidade banal, aquela felicidade que dure pelo menos até o fim do carnaval.

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