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18.12.07

Meu poeta me vê como uma menina.
ele me faz acreditar no amor.
Já me fez plantar uma flor
num vaso de terra seca.
Reguei uma vida com lágrimas
e a iluminei com o brilho de sorrisos.
Colhi a emoção de ver brotando
o esquecimento da tristeza.
Sorri a colher beijinhos molhados
e o cheiro de um abraço apertado.
Vivo a emoção ,
flutuando em nuvens,
dançando na corda bamba.
O meu poeta sabe me mostrar
o tempo certo para se completar
uma rima de viver e amar.
É tão sobrenatural,
mas faz parte do cotidiano.
Não morre, se mata.
Se mata e me faz morrer entre suspiros de prazer
quando o vento traz carícias com o cheiro apaixonante de algum lugar.
É impossível escapar dele,
Tal qual arrancar o coração sem morrer.

10.12.07

Tristeza infinda.


Há soluços e lágrimas contidas em mim.
Não posso mostrá-los a ninguém.
Não posso molhar minha face
e deixar sair de dentro de mim tudo o que eu sinto,
seria cruel demais.
Não há ninguém que possa ouvi-los,
não há ninguém ao qual os ouvidos mereçam
ser corrompidos com minhas tristezas insanas.
Ninguém iria compreender.
Ninguém pode saber dos erros de uma alma que só procura o amor,
mesmo que para isso tenha que matar.
Eu não agüento ter que guardar em segredo toda a maldade de mim,
porque o único coração que deveria conhecer a tudo isso não dá valor algum.
Não houve até agora nenhum ser que desse valor ao meu amor.
Minha alma não é mais a mesma há muito tempo.
Tenho nela marcas e segredos que só são meus,
coisas que ninguém na Terra jamais ousou pensar.
Venho vivendo como uma gata de rua,
sem sentimentos e consciência,
mas ao mesmo tempo
venho sentindo o mal de tudo o que faço.
Vivo dividida há muito por causa de quase tudo,
chego até a quase enlouquecer e quase explodir, mas não;
eu guardo tudo dentro de mim,
levo tudo bem lá para o fundo,
e como se nada acontecesse,
guardo para que não fique nada à vista,
tanto a minha quanto a dos outros.
Às vezes não consigo deixar transparecer uma falsa alegria
e acabo mostrando o quanto isso me destrói...
Eu sei o quanto eu sou perigosa, até para mim mesma.
Sei que o espinho em mim que me faz ferir é meu amor,
o meu perigoso amor.
Esse que prende as pessoas no meu coração
e me liga a todas as lembranças do passado que me fere.
Me faz ser um bicho cheio de apego, irracional,
que faz tudo para ter o amor.
Faz inclusive o mal para obter uma felicidade
que entorpece como uma droga e não deixa rastros após seus efeitos.
A tristeza é brilhante
como o sibilar uma estrela em meio ao céu negro.
Se mostra forte e incomum por muito tempo,
mas como até as estrelas morrem um dia,
as tristezas se acabam e mesmo a ferida mais profunda cicatriza.
E a noite termina, e os raios do sol chegam com plena luz
para realmente clarear a escuridão infinita do céu escuro.
Assim se completa minha vida;
entre noites e dias com tristezas infindas e alegrias passageiras,
mas sempre junto à poesia que me liga à vida e seus devaneios.
Quando comecei era apenas eu.
Agora sou um mero instrumento das minhas palavras.
Nelas eu encontrei uma paixão que me seduz tanto que as vezes deixo de ser eu para ser completamente delas.
Descubro, aprendo. Muito me é revelado quando elas tomam a frente.
E em minha vida há fases, muitas fases, onde tudo muda ou volta a ser o que era,
mas só elas continuam em volta e dentro de mim,
procurando um espaço na grande lacuna que é minha vida.
Eu que não vivo sem elas ou não consigo me afastar delas, procuro sempre uma saída para me encontrar com elas.
Minha vida poderia se resumir a viver integralmente entregue a elas. E acho que isso não demorará muito.
Minha paixão pelas palavras é simples e grande demais, elas me nutrem, me dão em meio à tristeza uma forma de escape e alento onde eu posso me perder livre e me deixar levar por tudo o que me faz feliz.